Via Franca Turismo

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sábado, 13 de março de 2021

Paisagem da janela


 Em Geografia, paisagem é tudo o que podemos perceber utilizando os nossos sentidos, principalmente a visão... Então, tudo o "que os nossos olhos veem" pode ser considerado paisagem... Desde o bucolismo de vaquinhas pastando em verdejantes pastos no sopé de uma montanha até o caos de uma grande cidade.

Quando abro a minha janela vejo uma paisagem cotidiana, que me enche de energia e vigor... Inclusive, tenho vistas diferentes, nas várias janelas e sacada do meu apartamento. Dá para observar o alvorecer (daí a alusão a ser revigorante) e também um pedacinho do ocaso, nas tardes que não despenca aquele aguaceiro característico dos dias quentes de verão.

Tenho a sorte de não existir anteparos que bloqueiam boa parte desse "olhar"... Numa cidade verticalizada, nem sempre isso é possível, por isso muitos buscam campos visuais mais amplos, nos seus momentos de lazer em outros lugares... Só quem sobe até mirantes sabe descrever o prazer de ficar contemplando o infinito...

O verde, também predominante na vista das minhas janelas é essencial... Isso também é sorte, pois numa metrópole, nem sempre temos em abundância (ressalta-se ainda a quantidade de pássaros que são atraídos por ele, com uma sinfonia diária de melodiosos cantos)... Se o clube esportivo, nosso vizinho (onde existe esta área verde avistada da minha janela), não causasse tantos transtornos, resultado de uma completa falta de educação, respeito e senso coletivo da maioria dos seus frequentadores, seria perfeito...

Coloquei várias imagens tiradas por estes dias (sem as cores do nascer e por do sol, pois foram feitas no meio da manhã) e compartilho aqui... A pandemia, o isolamento, me deram ainda mais tempo observando árvores e construções na linha do horizonte, da minha paisagem... 

E na sua casa, condomínio, bairro, cidade, como é a paisagem?

Parafraseando Marcel Proust: "a verdadeira viagem de descoberta não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos..." Então, vamos apurar o nosso olhar sobre o que nos recebe todos os dias...











quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Viajar com crianças


O título da postagem poderia ser "viajar com filhos", mas daí eu não poderia contar aqui a minha experiência, pois não sou pai, rsrs... Então, ficamos com "viajar com crianças" mesmo, pois daí consigo comentar situações que já passei em viagens com os meus sobrinhos, a Isa, o Gabriel e a Dudinha e também o que já ouvi de amigos que tiveram a mesma oportunidade, com os seus filhos.

Ah, antes é bom lembrar que a Via Franca Turismo tem uma boa parte da sua atuação, dentro do turismo pedagógico (os famosos "passeios escolares"), assim sendo também viajamos bastante com crianças, alunos das instituições parceiras. Mas, não vou escrever sobre elas, não!

Muitos pais sabem que a sua vida muda, literalmente, com a chegada dos filhos, alterando, inclusive a sua rotina de passeios e viagens...

O grande barato é que "lugar comum" imaginar-se viajando com os pequenos e buscar o conforto de resorts ou hotéis com estrutura de lazer e de copa... Claro, que há várias opções de empreendimentos neste setor, onde conheço vários que recomendaria. Mas, confesso, que me incomoda um pouco presenciar famílias em férias, onde os filhos ficam "full time" com uma equipe de recreação do local, convivendo com os pais apenas nas refeições (muitas vezes nem o almoço é compartilhado) ou já recolhidos no quarto para dormir.

Por isso, quero aqui sugerir, viagens de férias mais intimistas, onde poderiam ser procuradas pousadas na praia ou no campo, sem estrutura voltada para o lazer de crianças, mas que proporcionassem uma maior convivência entre pais e filhos... Sabe aquela pousadinha "pé na areia" com menos barulho, menos música, sem monitores especializados, mas que pode melhorar o vínculo entre os membros da família... Buscar um lugar que não reproduza o conforto da sua casa, com mega estrutura de cozinha, tv por assinatura com canais de desenho 24 horas por dia, etc e tal.

Pense nos benefícios para os seus pequenos... Na correria do nosso dia, quase não temos tempo para curtir coisas corriqueiras e em um período sabático, há uma maior oportunidade de conexão entre todos. Não ter horários rígidos para sair em um passeio pré-agendado, para participar de alguma gincana infantil, caça ao tesouro, brincadeiras no "horário X" na piscina (com duração previamente determinada) ou aulinhas de fazer isso ou aquilo com a monitoria, nos coloca em maior sintonia com o local (se tiver "abundância de natureza" no entorno é ainda mais perfeito) e consequentemente com a família... Tentem abandonar horários e rotinas que são constantes no nosso cotidiano e relaxem, rsrs... Usufruam do tempo ocioso, da companhia dos pequenos e aproveitem... Todos ganham e as crianças crescem rápido demais, rsrs.

Fazemos muito isso... As minhas irmãs adoram alugar um apartamento no litoral paulista, que dá para ficar toda a galera, numa muvuca deliciosa... Há também pousadas na região serrana (como Campos do Jordão) que criam um ambiente familiar muito gostoso, onde conseguimos conversar próximo da lareira, caminhar pelos arredores ou apreciar um chocolate quente no final da tarde... Opções não faltam.

Pensem nisso e que possamos voltar o quanto antes a viajar sem restrições e com total segurança... 




quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Folia de Reis - uma das mais belas manifestações populares brasileiras

(ao lado de um grande ídolo, na gravação do programa na TV Cultura, Rolando Boldrin, um dos grandes divulgadores da cultura nacional)

Apesar de ser uma tradição portuguesa, inspirada na tradição católica de visita dos três Reis Magos ao menino Jesus, as Folias de Reis chegaram ao Brasil no século XVIII e se popularizaram entre os habitantes de muitos estados (principalmente Minas Gerais, Goiás e São Paulo)... É, inclusive, patrimônio imaterial do estado de Minas Gerais.

Ontem, dia 06 de janeiro, foi "dia de Reis"... Desde criança, a minha ligação com as folias sempre foi muito grande... Para mim, elas representam uma das manifestações populares mais autênticas e expressivas que existem... O meu avô materno, Antônio, as apreciava e ouviu todas as suas variações até próximo do seu passamento... O meu pai até bem pouco tempo atrás, ficava ligado nos dias de apresentações delas, lá na nossa Franca, e me ligava: " filho, sábado tem apresentação das folias, lá na exposição... Você vem?" E, eu ia... E ficávamos horas no meio da festa (os meus olhos marejaram, agora).

Mas, o que me marcou mesmo sobre elas, foi na infância, no sítio da tia Geralda, lá em Ituverava, próximo ao povoado de Capivari da Mata, quando eu ia passar férias com a minha vó Zilda, a minha madrinha... Como sempre estávamos lá entre o Natal e o dia de Reis, era comum presenciar as apresentações das folias, no sítio dela...

Lugar bucólico, sem energia elétrica, iluminado por lamparinas à querosene, dormia-se muito cedo ("com as galinhas", segundo uma expressão muito usada na época)...Mas, nas madrugadas sempre vinham os foliões com as suas bandeiras, roupas coloridas, violas, sanfonas e pandeiros enfeitados com fitas... Lembro-me de acordar com uma música bem distante e olhar pela janela, na amplidão do pasto que rodeava a antiga casa, enxergando as luzinhas cintilantes dos candeeiros deles... O coração já acelerava... A música crescia na medida que se aproximavam e havia toda uma reverência para adentrar a casa... Sempre era oferecido cachaça para os foliões, dinheiro na forma de esmola para a igreja e um delicioso bolinho de polvilho, servido para todos, com café (não era o biscoito tradicional que conhecemos aqui em São Paulo, mas um bolinho sovado com erva doce e frito na hora, crocante por fora e muito macia no seu interior, uma das especialidades da minha família, para a "merenda").

Os foliões cantavam, dançavam e bebiam muita cachaça... E nós, da casa, ficávamos ali atônitos, extasiados, hipnotizados pelo colorido e pelas vozes agudas e bem afinadas... A reverência de oferecer a bandeira para a dona da casa, que a beijava e era consagrada por ela, tinha uma beleza ímpar.

Lembro-me que os palhaços sempre me assustavam e para amenizar os meus primos, bem mais velhos do que eu, Francisco, Maria das Graças e Antônio José, me diziam: "deixa disso, moleque, é o Acácio da tia Jerominha que tá vestido assim para zombar de ti..." Era nada, rsrs, o Acácio era bem mais alto e gordo que aquele marungo!!!!

Os foliões eram todos lavradores, vizinhos da tia Geralda (muitos até nossos parentes), que haviam trabalhado o dia todo na roça, na enxada, debaixo de sol e chuva, mas à noite se transformavam em seres divinos, que trocavam o seu cansaço pela alegria de louvar e encantar a todos nós... Era sublime...

Tem cenas que sei que nunca mais vou viver, até mesmo porque faltarão os seu protagonistas... Esta é uma delas... Felizmente, ainda está viva e bem forte na minha memória...

Sou um sujeito de sorte, em ter tido na vida, referências tão fortes como a vó Zilda e a tia Geralda... Hoje, através do meu estudo e do meu trabalho, posso contribuir para que estas tradições não sejam esquecidas... Saúdo e parabenizo o esforço de todos que sustentam a contragosto da globalização e da padronização dos costumes, as nossas mais tradicionais manifestações populares... E lembro, que a Folia de Reis não é exclusiva das pequenas vilas e áreas rurais... São Paulo e Guarulhos (sede afetiva da Via Franca Turismo) possuem diversas delas, bem ativas, como a Companhia de Santo Reis Estrela do Oriente da Vila Nhocuné (São Paulo), Companhia de Santo Reis do Bom Clima (de Mestre Macuco e Mestre Geraldo, de Guarulhos), a Companhia de Santo Reis Estrela Guia, de Vila Barros (Guarulhos) e a Companhia de Santo Reis Divina Luz, do Jardim Adriana (Guarulhos)... 

Mesmo com um dia de atraso, desejo que os Reis Magos tragam a todos, muita esperança e prosperidade...

PS.: escolhi ilustrar a postagem com uma imagem minha, na companhia do genial Rolando Boldrin, que representa a resistência da nossa genuína cultura contra a massificação, imposta a todos nós, diariamente!!! Ubuntu, Sr. Brasil...

Texto de Evanir B. Penna (professor, guia de turismo e sócio proprietário da Via Franca Turismo)

(a linda composição "Cidade da Galileia" na voz do Capitão Tostão e demais membros da Folia de Reis Família Santos de Romaria, MG) 


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Arte cinética no Sesc Avenida Paulista: "Oficina Molina - Palatnik"

Desde criança sou apaixonado pelo cinetismo de móbiles e desenhos com abuso de sombras e formas geométricas que eu sempre criava... E um dos principais representantes da arte cinética brasileira, Abraham Palatnik, falecido este ano, vítima do Covid-19, recebeu uma homenagem do Sesc-SP através da exposição de algumas peças produzidas por ele que compõem o acervo da instituição.

Além do genial pioneiro da inserção do movimento mecânico e da luz na arte moderna brasileira, há também obras do autodidata Manuel Josette Molina (ou simplesmente, Mestre Molina), que tive o prazer de conhecer pessoalmente na década de 90 no Sesc Pompeia, com os seus lúdicos e encantadores objetos (sou um admirador declarado, dele). Inclusive, uma das boas imagens que guardo da minha infância se refere à visitas que fazia a um artesão, amigo do meu pai, que reproduzia cenas em madeira do cotidiano de Franca, com movimentos produzidos por uma engenhoca muito maluca (as imagens eram hipnóticas, rsrs) e também do presépio com movimento exposto inicialmente no Bar Minerva, na Rua Voluntários da Franca, e, posteriormente, no Clube dos Bagres, semelhante ao que o Mestre Molina criava.

Denominada "Oficina Molina - Palatnik" a exposição é gratuita, ocupa a praça do Sesc Avenida Paulista e vai até 27 de março de 2021, com horários entre 10h e 20h, mas disponível para apenas para 10 pessoas com agendamento prévio pelo site da instituição ou no link https://www.sescsp.org.br/programacao/223406_OFICINA+MOLINA+PALATNIK 

Não há visitação espontânea, sem agendamento, e para adentrar à exposição é necessário o cumprimento dos seus protocolos de segurança, que inclui o uso de máscara cobrindo nariz e boca.

Eu precisava dar uma passada no Hospital Santa Catarina, que fica em frente ao Sesc Avenida Paulista, então aproveitei o deslocamento para agendar a visita à exposição... Gostei muito, apesar de contar com poucas peças (duas delas estavam sem movimento, em manutenção)... Foi nostálgico... 








terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Guarulhos - 460 anos - divulgue a sua cidade


 

Hoje, 08 de dezembro, a cidade de Guarulhos, localizada na região metropolitana de São Paulo, comemora os seus 460 anos...

É fruto de um aldeamento jesuítico, como tantos outros, na segunda metade do século XVI, que foi estabelecido sobre o território dos índios Maramomis, do grupo dos Guaianazes...

Teve um crescimento modesto até a segunda metade do século XX (em 1950, tinha um pouco mais de 35 mil habitantes) e hoje é a segunda maior cidade do estado de São Paulo, com mais de um milhão e trezentos mil habitantes (é a 13ª terceira, em população, do Brasil).

É conhecida por ser a principal porta de entrada para o nosso país, já que o aeroporto de maior movimento de pessoas está localizado na cidade (Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos - Governador André Franco Montoro), no bairro de Cumbica.

Eu nasci em Franca, no interior do estado de São Paulo, mas, como tantos outros, migrei para a cidade de Guarulhos com vinte anos e fui muito bem acolhido por esta verdadeira metrópole... Por isso, também me considero guarulhense e me orgulho muito disso!!!!

A Via Franca Turismo, apesar de homenagear a minha querida terra natal, foi criada em Fortaleza (CE), mas estava sediada em Guarulhos, desde 2006 (por conta desta crise, neste ano tive que transferi-la para o bairro da Vila Maria, em São Paulo)... A empresa cresceu e ficou conhecida nesta cidade, repleta de problemas e oportunidades...

Além de parabenizar Guarulhos e agradecer o acolhimento que eu e a Via Franca Turismo tivemos aqui, esta postagem tem o objetivo de lembrar a todos os prestadores e investidores em serviços de turismo (principalmente aqueles ligados ao poder público) que temos que valorizar e divulgar a nossa região, o nosso "lugar" (no sentido geográfico, afetivo desta palavra).

Devemos voltar o nosso olhar, parte do nosso tempo e conhecimento para compreender e mostrar as nossas cidades e o seu entorno, não só a grupos de turistas de outros locais, mas principalmente, aos moradores do município.

Mesmo que já existam roteiros turísticos que atraiam muitas pessoas para a sua cidade (que pode ser um polo de visitação nacional e internacional), faço um convite para vocês, guias de turismo e agências de viagem, para desenvolverem algo específico com o objetivo de atender o munícipe, o morador do seu bairro, da sua comunidade... Crie algo voltado para o habitante da sua cidade, um roteiro que mostre a história, a geografia, os fatos relevantes, os lugares de lazer e integração, pois só assim a população pode desenvolver um "sentimento de pertencimento" ao lugar que mora ou trabalha... Conhecer melhor o seu município, abre os nossos olhos aos seus verdadeiros problemas, mas também às suas facilidades e excelências...

Precisamos usar o nosso estudo e conhecimento para estabelecer, de vez, que a cidade que moramos nos pertence, que é de todos os seus habitantes (fazer o termo "cidadania" ser aplicado, na totalidade)...

Vale a pena lembrar que estes roteiros devem ser oferecidos com toda a estrutura que qualquer outro serviço turístico exigiria, inclusive com possibilidade de cobrança /pagamento por ele.

Vamos unir as nossas forças e saberes para colocar em prática novos projetos e fortalecer aqueles que existem...

E, mais uma vez, parabéns Guarulhos... Com mais segurança, neste próximo ano, a Via Franca Turismo vai divulgar os seus novos roteiros para esta cidade gigante, em todos os sentidos.

(maquete da região de São Paulo e Guaruhos, no século XVI, feita para mostrar os aldeamentos na época)

(Complexo hospitalar Padre Bento)

(Complexo hospitalar Padre Bento)

(Mirante Nhanguçu)

(com os amigos indígenas da Aldeia Filhos Dessa Terra, no Cabuçu)

(Parque Estadual da Cantareira, núcleo Cabuçu, em atividade com alunos)

(alguns exemplares do acervo da Via Franca Turismo sobre a cidade de Guarulhos)










 

 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A retomada do turismo

 


Segundo a OMT (Organização Mundial do Turismo), até 2019, um em cada dez empregos no mundo estava ligado à área do turismo. Com a chegada da covid-19, o impacto no setor foi gigantesco... Calcula-se que quase 100 milhões de emprego ligados ao turismo estão em risco, atualmente.

No Brasil, mesmo com uma pequena retomada neste segundo semestre, o setor amarga uma queda de 38,8% em relação ao ano passado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com a segunda onda de contaminação fechando vários destinos tradicionais no mundo, o brasileiro olha com carinho para o mercado doméstico, principalmente os lugares mais próximos (usando o seu próprio carro)... Para que o nosso país possa ter uma retomada mais segura, somente com a vacinação em massa da população, algo bem improvável no decorrer do primeiro semestre do próximo ano, pois alguns grupos é que receberão as primeiras doses, segundo uma prioridade estabelecida pelo governo.

Então, antes da vacina, a esperança é controlar/conter a contaminação... E nada mais importante que seguir as recomendações do uso de máscara (não entendo o porquê da reticência de muitos, em usá-la), manter uma distância segura de outras pessoas, evitar aglomerações e, principalmente, atentar-se para a higiene, não só das mãos, abusando do uso de sabão e álcool em gel.

As empresas que já estão organizando pequeno grupos, principalmente de ecoturismo, tem que se atentar às normas estabelecidas pelo Ministério do Turismo, que criou o selo "Turismo Responsável Limpo e Seguro" e aos turistas recomendo a observância dessas normas e, principalmente, consultar se o prestador está cadastrado no Cadastur (a conferência é fácil pelo site www.cadastur.turismo.gov.br).

É muito comum um grupo expressivo de consumidores observar antes de tudo o preço para decidir adquirir um produto ou serviço... A segurança também tem que ser prioridade. No caso de pacotes turísticos, a máxima do "barato pode sair caro" é bem verdadeira, pois muitas vezes há uma contenção de custos em detrimento de itens de segurança, o que traz muitos riscos, ainda mais agora, em época de pandemia... Por isso, observe o número de passageiros embarcados em ônibus e vans (tenho visto empresas saindo com lotação total nos seus destinos), a higienização de lugares comuns, a exposição à fatores contaminantes, a aferição de temperatura, entre outras coisas.

Viajar é viver... E já não aguentamos mais este isolamento ou a limitação da nossa circulação, mas antes de tudo, a nossa vida e a segurança de todos (prestadores e turistas) tem que vir em primeiro lugar. Sejamos responsáveis... Temos que redobrar os cuidados para que tudo isso passe o mais rápido possível e que a nossa atividade volte com toda a força em 2021, não só recuperando o que foi perdido neste ano, mas também com um crescimento real.

Então, para quem já está montando os seus grupos e para quem já marcou a sua viagem, não se esqueça: somente contrate os serviços de prestadores legalizados, respeite as normas do Mtur, máscara, distanciamento e higiene...

E muita esperança para todos nós!!!!

Evanir B. Penna (professor de Geografia, guia de turismo e sócio proprietário da Via Franca Turismo)

PS.: a imagem foi feita no Parque Estadual da Cantareira, núcleo Pedra Grande, localizado na zona Norte da cidade de São Paulo (SP). 

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Roteiro de estudo e observação para a Caverna do Diabo, do Colégio Mater Amabilis


A Caverna do Diabo (ou Gruta da Tapagem) está localizada no município de Eldorado (SP) distante 311 km do Colégio Mater Amabilis, em Guarulhos.
Eldorado é um dos municípios do Vale do Ribeira, uma das regiões de maior preservação natural do nosso estado, mas em contrapartida uma das mais carentes de recursos econômicos e sociais. Os seus municípios possuem índices de desenvolvimento humano inferior à média do estado de São Paulo.
Cortada pela bacia hidrográfica do Rio Ribeira do Iguape, apresenta um longo trecho de preservação de Mata Atlântica (cujo nome é Floresta Ombrófila Densa Submontana e Montana), principalmente pela presença de importantes parques estaduais que atuam contra a destruição deste importante bioma. Cerca de 20% deste tipo de vegetação que ainda resiste no nosso país está nesta região (lembre-se que muitos estudiosos colocam que só restam 7% de Mata Atlântica no Brasil).
Um destes parques é o Parque Estadual da Caverna do Diabo com mais de 40.000 hectares de extensão, que junto com outras 13 unidades, constitui o Mosaico de Conservação do Jacupiranga, responsável pela proteção de diversas espécies de flora e fauna, ameaçadas de extinção, entre elas a onça-pintada.
O Vale do Ribeira também é conhecido pela grande quantidade de cavernas (só em outro parque, o PETAR, tem mais de 300 delas) e também pela presença de comunidades quilombolas. O que você sabe sobre o período de escravidão na história brasileira? Por que muitos escravos foram para o Vale do Ribeira? Qual é a importância da preservação da sua cultura e dos seus costumes?
Nós vamos sair da maior região metropolitana do Brasil (a Grande São Paulo, onde se localiza o município de Guarulhos) e atravessar trechos de estrada (a principal delas é a Rodovia Régis Bitencourt ou BR 116) com poucas cidades pelo caminho, até chegar em uma região de baixíssima densidade populacional. O Vale do Ribeira possui a menor média de habitantes por quilômetro quadrado do estado de São Paulo. Inclusive, tem cidades pequenas em municípios muito grandes (procure saber a diferença entre cidade e município).
Nesta observação do caminho entre Guarulhos e Eldorado procure identificar a mudança da paisagem de uma grande cidade (paisagem social) para uma paisagem com predominância de elementos naturais.
Identifique também o tipo de agricultura mais comum na região que vamos visitar. Qual é produto agrícola (o cultivo de uma fruta muito conhecida e saboreada por nós) que aparece mais no lugar que estamos visitando? Por que predomina este tipo de cultivo? Quais as características do clima da região que o favorece?
Também já foi citado que vamos encontrar uma grande área de preservação natural. Por que no Vale do Ribeira há uma preservação muito maior da floresta se comparado a outras áreas do estado de São Paulo? Mesmo com a presença das unidades de conservação há riscos para a vegetação? Quais são os principais problemas enfrentados pelas comunidades e pelos ambientes naturais do vale?
Chegando no parque, você vai notar que estamos no meio de uma grande área de conservação. Você conseguiria listar a importância dela para o nosso país? Entrando na trilha você notou diferenças de temperatura e umidade em relação ao lugar que moramos? Que planta chamou mais a sua atenção? Por quê?
Os monitores/guias do parque que nos acompanharão dentro da caverna são todos criados e vivem na região do Vale do Ribeira. A maneira de falar, as expressões usadas e até o seu sotaque são diferentes daquele que encontramos no lugar que vivemos. Há uma beleza nesse jeito diferente de se referir às coisas que vamos ver. Eles nos cativam pela sua simplicidade e sabedoria. Inclusive, boa parte do que vamos aprender sobre a caverna e também sobre a região vem do seu conhecimento. Que tipos de expressões usadas e faladas por eles te chamaram mais a atenção? Que exemplos você tem de diferentes sotaques no nosso país?
A Caverna do Diabo possui mais de 8.000 metros de extensão e é considerada a maior do estado de São Paulo. Nós, turistas e estudantes, podemos conhecer um pouco mais de 600 metros dela, mas mesmo assim ficamos deslumbrados com a beleza dos seus salões (que parecem mais igrejas barrocas) e com a incrível forma dos seus espeleotemas.
Dentro dela, procure explicar porque muitas colunas (um tipo bem comum de espeleotema) estão desniveladas, como foram formadas as estalactites e estalagmites, que alterações foram provocadas pelos seres humanos no seu interior e se há exemplos de depredação nas suas formações.
Compare também com alguma caverna que você já conheceu (pode ser até aquela com “água quentinha” no Sítio do Carroção, rsrs). Explique que sensações você teve ao adentrar as suas galerias. Sentiu calor, frio, medo? Lá dentro teve algum cheiro que te chamou a atenção? Que diferenças você percebeu nos três níveis (ou zonas) da caverna? Viu algum animal (inseto ou mamífero) no interior dela? Qual formação te chamou mais a atenção? Você acha que a caverna tem formação recente ou é bem antiga, geologicamente? Por quê?
Nesta visita podemos entender também a diferença entre os processos de erosão e intemperismo. Você consegue diferenciá-los?
De fato, é uma atividade única e muito rica em sensações e conhecimento. Com certeza, após adentrar um ambiente cavernícola, você vai voltar com outra visão à respeito da importância da preservação ambiental e do nosso cotidiano, em uma cidade grande cercada de tecnologia e até mesmo conforto. Mas, apesar de tudo isso que temos no nosso dia-a-dia, ainda podemos verificar que a qualidade de vida não pode ser medida por estes itens, mas também devemos agregar condições melhores de meio ambiente (ar, água e vegetação) para conseguirmos chegar a um nível satisfatório de vida. Como espaços naturais são cada vez menores no lugar que moramos, devemos preservar o que ainda resta e tentar recuperar parte do já foi destruído. E também manter aqueles “paraísos naturais” como a Caverna do Diabo, da maneira que os encontramos.
Para finalizar, conte ao seu professor e a outras pessoas também, qual foi a lenda que mais te chamou a atenção sobre a Caverna do Diabo ou sobre a origem do seu nome.
E, se a visita foi uma experiência positiva, vá além, procure conhecer outras grutas do Vale do Ribeira e de outros estados (Bahia, Goiás e Minas Gerais tem cavernas lindíssimas também) ou então aguarde o oitavo ano, pois iremos passar três dias visitando o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR).